5G no Brasil:
guia explica o que vai mudar com a nova tecnologia
Belo
Horizonte, João Pessoa e Porto Alegre serão as próximas capitais a receberem o
5G 'puro', que também está disponível em Brasília. Nova geração de internet
oferece mais velocidade, mas vai demorar para chegar a todo o país. Tire
dúvidas.
Por Alessandro Feitosa Jr e Victor Hugo Silva, g1
O 5G será ativado em mais três cidades na próxima sexta-feira
(29): Belo Horizonte, João Pessoa e Porto Alegre. A informação foi confirmada
pelo conselheiro Moisés Moreira, da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Uma reunião do Gaispi, grupo criado pela Anatel para
cuidar da implantação da quinta geração de internet móvel está marcada para a
quarta-feira (27) e deve formalizar a ativação da tecnologia nas três capitais.
Elas se juntarão a Brasília, que no início de
julho se tornou a primeira capital do país a receber o 5G.
O prazo para todas as capitais
brasileiras receberem o 5G é 29 de setembro de 2022. Inicialmente, ele era até 31 de
julho, mas dificuldades logísticas na importação de equipamentos fizeram
a Anatel estender o prazo. A previsão é de o 5G chegará a todas as cidades no Brasil até
dezembro de 2029.
A
quinta geração de internet móvel promete uma revolução: conexão com velocidade
ultrarrápida, avanços de tecnologias como carros que dirigem sozinhos e a
possibilidade de ligar muitos objetos à internet ao mesmo tempo.
O que é o 5G?
É
a nova geração de internet móvel, uma evolução da
conexão 4G atual.
A promessa é que ela trará mais velocidade para baixar e enviar arquivos, reduzirá o tempo de
resposta entre diferentes dispositivos e tornará as conexões mais estáveis.
Essa evolução
da rede vai permitir conectar muitos objetos à internet ao mesmo tempo: celular, carro, semáforo, relógio. Tudo
isso já pode ser ligado ao 4G, mas é esperada uma melhoria na conexão.
O que significa Mbps, Gbps, MHz e
GHz?
·
Hz: hertz,
é a unidade de medida de frequência de ondas e equivale a um ciclo por segundo.
·
MHz:
megahertz, representa 1 milhão de hertz (1 milhão de ciclos por segundo).
·
GHz:
gigahertz, representa 1 bilhão de hertz (1 bilhão de ciclos por segundo).
·
Bps: bits
por segundo, é a menor unidade medida de transmissão de dados por segundo.
·
Mbps:
megabits por segundo, representa 1 milhão de bits por segundo.
·
Gbps:
gigabits por segundo, representa 1 bilhão de bits por segundo.
O quanto ele é melhor que o 4G
(na prática)?
A média da velocidade 4G no Brasil entre as
quatro maiores operadoras é de 17,1 Mbps (megabits por segundo), de acordo
com um relatório da consultoria OpenSignal de maio de 2021.
O valor pode variar de região para região, da
operadora utilizada e até mesmo do horário em que uma pessoa acessa a rede.
Uma conexão 4G com excelente performance chega a
próximo 100 Mbps, segundo Leonardo Capdeville, chefe de inovação tecnológica da
TIM.
"Se fizermos uma analogia com o mundo real,
100 vezes mais rápido é a diferença de velocidade entre um ciclista de alta
performance e um caça de guerra", afirmou Capdeville.
O 5G, por sua vez, pode chegar à velocidade entre 1 e 10 Gbps –
uma diferença de 100 vezes ou mais em relação ao 4G.
Nem
sempre o 5G vai atingir as velocidades absolutas, mas a melhora pode ser
significativa.
As vantagens do 5G
o
5G também promete baixa latência, ou seja, um tempo mínimo de resposta entre um aparelho e os servidores de
internet – aquele "delay" que acontece em ligações
em vídeo, quando é preciso esperar uns segundos até que a pessoa do outro lado
veja e ouça o que falamos.
"No
4G, quando é muito boa a latência, ela é de 50 a 70 milissegundos. No 5G, pode
ficar de 1 a 5 milissegundos. Estamos falando em reduzir numa ordem de 10 vezes
o tempo que uma informação leva para percorrer a rede", disse Capdeville.
Outra
característica do 5G que difere das gerações de rede anteriores é que ele poderá lidar com muito mais dispositivos ligados ao mesmo tempo.
A conexão também será mais confiável, pois um aparelho vai poder se conectar
com mais de uma antena ao mesmo tempo.
O que o 5G vai permitir?
Essas
melhorias de velocidade, tempo de resposta e confiança na rede prometem abrir
um leque de aplicações, segundo especialistas.
Tecnologias
como os carros autônomos e a
telemedicina devem avançar com o 5G, bem como a chamada
"indústria 4.0" com toda a linha de produção automatizada. Cirurgias
feitas remotamente, por exemplo, serão mais confiáveis quando a rede oferecer
um tempo de resposta mínimo.
Wilson
Cardoso, membro do Instituto dos Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE)
e diretor de soluções da Nokia na América Latina, lembra de usos da internet
que passaram a ser possíveis com o 4G e faz um paralelo com a novidade.
"Não tínhamos Uber no 3G porque não as características que o Uber
pede, de localização, de velocidade, não estavam disponíveis. Essas
aplicações surgiram com as redes 4G espalhadas. Quando tivermos o 5G
espalhadas, teremos sensores e novas aplicações", afirmou.
É
o caso dos carros autônomos.
Eles já existem, mas o tempo de resposta do 4G ainda não é veloz o suficiente
para evitar acidentes em situações extremas, além de não suportar tantos
dispositivos conectados ao mesmo tempo.
O
5G também pode revolucionar o próprio smartphone, já que as altas velocidades
permitiriam que muito do processamento de tarefas deixe
de acontecer no chip do aparelho e passe a ser na nuvem, pegando
emprestado a potência dos computadores. O mesmo pode acontecer com acessórios
médicos, como pulseiras e relógios conectados.
Em termos práticos e do dia a dia, as videochamadas devem se
tornar mais claras, a experiência de jogos on-line também deve ser aprimorada,
as transmissões de vídeo ao vivo devem travar menos e perder sinal em meio a
uma multidão não deve mais acontecer.
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