REFLEXÃO DOMINICAL I
IGREJA
EM COMUNHÃO COM PEDRO E PAULO
A festa de São Pedro
e São Paulo nos ajuda a perceber melhor como Jesus quis a sua Igreja: unida na
fé e na caridade, sob o pastoreio do apóstolo Pedro; missionária e evangelizadora
entre todos os povos, inspirada no exemplo do apóstolo Paulo. As duas dimensões
da Igreja são necessárias e se completam. Hoje celebramos esses dois grandes
apóstolos, escolhidos por Jesus em momentos diversos, com experiências muito
diversas de encontros com Jesus; mas ambos eram fascinados pelo Mestre e
prontos a dar a vida por Ele e pelo Evangelho. Não são perfeitos nem isentos de
falhas humanas, mas seu coração é movi- do por uma profunda fé e um imenso amor
por Jesus e pelo Evangelho. Pedro recebeu de Jesus as “chaves do reino dos
céus”, significando a autoridade que ele devia exercer no desempenho da missão.
Jesus exigiu dele um amor maior que dos demais, antes de lhe confiar o cui-
dado do seu rebanho. E deu-lhe a missão de confirmar os irmãos na verdadeira
fé, esperança e caridade. Por essa razão, a comunidade da Igreja, desde a era
apostólica, está atenta aos ensinamentos de Pedro e do Papa, seu sucessor no
exercício dessa grande missão. O “carisma da unidade”, exercido pelo Papa, é de
fundamental importância para a Igreja. Sem levar em conta a autoridade do Papa
no ensino da fé e das normas da vida da Igreja, ela bem depressa se dividiria
em mil grupos contrapostos entre si, gerando a maior confusão e conflitos
insanáveis. Uma Igreja sinodal caminha unida, respeitando a autoridade do Papa
e levando-a a sério na prática da vida eclesial em todos os níveis. Paulo é o
grande apóstolo missionário, que levou o Evangelho mais longe que todos os
demais no início da vida da Igreja. Após a sua conversão, ele se dedicou
inteiramente à missão de tornar Cristo conhecido, acolhido e amado. Sofreu
muito pela missão e pelo testemunho em favor do Evangelho. Como Pedro, ele
também entregou a vida por Cristo no martírio, em Roma, onde se encontra o seu
túmulo, meta de peregrinações ininterruptas. Paulo representa a Igreja missionária,
que não mede esforços para anunciar o Evangelho e para organizar as comunidades
cristãs no testemunho da fé e da vida cristã. Sem o dinamismo missionário de
Paulo, a Igreja de Cristo, nos seus inícios, poderia ter permanecido como um
apêndice de sinagoga e do templo de Jerusalém. Paulo entendeu a novidade de
Cristo e do Evangelho, destinado a toda a humanidade e não apenas a um povo. O
Papa é sucessor do apóstolo Pedro, mas carrega nos ombros também a missão de
Paulo, enquanto animador da Igreja missionária. Francisco tem-nos chamado com
insistência para sermos uma “Igreja em saída missionária”. Sem a dimensão
missionária bem viva e atuante, a Igreja envelhece rapidamente e perde o seu
dinamismo. A ação missionária renova a Igreja e a faz retomar energias e
produzir frutos sempre novos pela ação do Espírito Santo. Neste Dia do Papa,
rezemos es- pecialmente pelo Papa Francisco, como ele mesmo sempre pede: “não
esqueçam de rezar por mim”. Que o Espírito Santo o sustente em sua grande e
importante missão. Hoje também se faz em todas as igrejas católicas do mundo a
coleta do óbolo de São Pedro, ou “coleta em favor do Papa”. Com essas doações
generosas, o Papa pode cumprir melhor a sua missão e fazer a caridade, também
em nosso nome, em tantas situações de pobreza, de- sastres naturais,
calamidades e sofrimentos da humanidade. Sejamos generosos em nossa doação.
Deus recompensa a cada um!
Cardeal Odilo P. Scherer Arcebispo de São Paulo
https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-46-c-41
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