PECADOS CAPITAIS
Como
podemos combater o pecado da avareza?
Padre Elenildo Pereira(*)
Qual
é o remédio para o pecado da avareza?
Dando
continuidade a nossa série de estudos sobre os pecados capitais, tomemos conhecimento, agora, do pecado da
avareza e de qual é o remédio para combatê-lo: o desprendimento.
Jesus,
já no Sermão da Montanha, alertou os discípulos quanto ao pecado da avareza. “Ninguém pode servir a dois senhores,
porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o
outro. Não podeis servir a Deus e à riqueza.” (cf. Mt 6,24). O avarento faz do
dinheiro e da riqueza seus deuses; e nada é mais importante para ele do que
seus bens.
São
Paulo, na Carta aos Colossenses, chama o pecado da avareza de pecado de
idolatria. “Mortificai, pois, os vossos membros terrenos: fornicação, impureza,
paixões, desejos maus, cupidez e a avareza, que é idolatria” (Cl 3,5). O amor a
Deus é desvirtuado pelo amor aos bens materiais. O problema não está em possuir
dinheiro, pois ele é necessário para as necessidades do ser humano; o pecado está
em fazer do dinheiro seu próprio deus. Em outras palavras, podemos dizer que o
mal não é o dinheiro em si, mas o amor a ele. O mal consiste em buscar o
dinheiro como um fim, não como meio.
Amor do avarento ao
dinheiro chega a tal ponto, que ele tem coragem de fazer qualquer coisa em nome
do dinheiro, inclusive tirar a vida do outro. Quantas pessoas passando
necessidade por consequência do pecado da avareza! A pessoa não se contenta com
o que tem, quer sempre mais e mais.
O catecismo não exita em dizer:
“Uma teoria que faz do lucro a regra exclusiva e o fim último da atividade
econômica é moralmente inaceitável. O apetite desordenado pelo dinheiro não
deixa de produzir seus efeitos perversos. Ele é uma das causas dos numerosos
conflitos que perturbam a ordem social”. (Catecismo, n. 2424).
Precisamos combater a
avareza de nosso coração, porque ela é um mal tanto para nós mesmos e, acima de
tudo, para os outros. Além do mais, ela poderá nos levar para o inferno.
“Porque sabei-o bem: nenhum dissoluto, ou impuro, ou avarento verdadeiros
idólatras! – terão herança no reino de Cristo e de Deus.” (Ef 5,5). O Senhor
foi claro, quem dela praticar não herdará o reino de Cristo.
Infelizmente, “a
riqueza é o grande deus atual; a ele rendem homenagem instintiva a multidão e
toda a massa dos homens. Medem a felicidade pelo tamanho da fortuna e, segundo
a fortuna, medem também a honradez (…). Tudo”. (Catecismo, n.1723).
Santo Agostinho nos
ensina algo belíssimo! O “homem não se torna bom por possuir coisas boas. Ao
contrário, o homem torna boas as coisa que possui, ao usá-las bem”. Ele ainda
dizia: “não andes averiguando quanto tens, mas o que tu és”. É perceptível a
crise em nosso tempo, existe um claro conflito entre o “ter” e o “ser”. Para
muitas pessoas, o que importa mesmo é o ter. Não tomaram ainda consciência de
quem elas são de fato.
Desprendimento
Entre
os remédio contra o pecado da avareza a Igreja coloca a esmola, além do jejum e
da oração. Vale citar várias passagens bíblicas onde a esmola
ocupar um lugar privilegiado.
-Quem se apieda do
pobre, empresta ao Senhor, que lhe restituirá o benefício. (Prov. 19,17).
-Dá esmola de teus
bens, e não te desvies de nenhum pobre, pois, assim fazendo, Deus tampouco se
desviará de ti.” (Tob 6,8).
-A esmola será para
todos os que a praticam um motivo de grande confiança diante de Deus altíssimo.
(Tob 4,12).
-Encerra a esmola no
coração do pobre, e ela rogará por ti a fim de te preservar de todo mal. Para
combater o teu inimigo, ela será uma arma mais poderosa do que o escudo e a
lança de um homem valente. (Eclo 29,15-16).
Uma
belíssima oração de pós-comunhão nos ajuda a refletir sobre o desapego dos bens
materiais, e assim vencer o pecado da avareza. “Aproveite-nos, ó Deus, a
participação nos vossos mistérios. Fazei que eles nos ajudem a amar, desde
agora, o que é do céu; e caminhando entre as coisas que passam, abraçar as que
não passam”. O segredo está exatamente nisto: “caminhando entre as coisas que
passam, abraçar as que não passam”. Precisamos nos prender aos bens eternos e
não aos bens passageiros deste mundo.
(*)Padre Elenildo Pereira é membro da Comunidade
Canção Nova. Licenciado em
Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP).
Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, Taubaté (SP) e pós-graduando
em Bioética pela Faculdade Canção Nova. Atua no Departamento de TV da
Canção Nova, no Santuário Pai das Misericórdias e Confessionários. Autor do
livro “Ser humano, obra prima das
mãos de Deus”, pela Editora Canção
Nova.
https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/como-podemos-combater-o-pecado-da-avareza/
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