REFLEXÃO DOMINICAL II
AS COLUNAS DA IGREJA
Festa
de São Pedro e São Paulo, que celebramos nesse domingo, nos faz pensar na
origem de nossas comunidades. Como tudo começou? Quando foi a primeira
celebração, quem fez? Como é que a comunidade cresceu e se desenvolveu para
chegar aos dias de hoje? Uma coisa é muito certa, o fundador ou fundadores,
deve ter feito uma experiência muito profunda com Jesus Cristo, pois sem isso,
a comunidade não teria um alicerce, alguém em quem apoiar-se para poder crescer
e cumprir a sua missão.
Comecemos
a falar primeiro de Paulo, cuja teologia, isso é, o modo como ele começou a
pensar as coisas de Deus, depois do encontro com Jesus no caminho para Damasco,
foi tão marcante na vida das comunidades, que esse apóstolo é mencionado como o
segundo fundador da nossa Igreja. De fato, seria difícil pensarmos em uma
igreja universal, presente no mundo inteiro, em outras culturas e nações, sem
nos lembrar de Paulo, aquele que pregou aos gentios que eram pessoas de outra
cultura. Paulo não ficou só na mística, se assim o fizesse, teria fundado uma
outra religião e arrastaria milhares de adeptos, porém, sistematizou alguns
pontos doutrinários importantes, organizou as comunidades que havia iniciado, e
o mais bonito, mesmo pensando um pouco diferente do Chefe dos Apóstolos,
manteve-se firme em comunhão com ele e os irmãos da Igreja de Jerusalém, com
quem aliás, sempre foi solidário , ao organizar coletas que levava para a
Igreja mãe.
São
Paulo é o modelo fiel do cristão autêntico, que faz a experiência com Jesus, se
encanta com o seu ensinamento, desfaz o seu projeto de vida por causa dele e
torna-se um fiel seguidor do evangelho, dando por ele a própria vida como
aconteceu em seu martírio.São Paulo sempre acreditou nas comunidades, mesmo
quando havia indícios de desunião, problemas internos, contendas e divisões,
acreditava nas pessoas e mantinha com elas uma boa relação, mesmo que se
tratasse de Pedro, que tinha uma linha mais tradicionalista, causa de algumas
divergências bastante sérias entre ambos mas Paulo nunca deixou de amá-lo por
causa disso. Ele mesmo manifestava essa sua flexibilidade, quando afirmava que
se fazia um com todos e não tinha dificuldade de conviver com as pessoas. Outra
coisa importante na pessoa de Paulo, é que ele promoveu uma ação evangelizadora
em ambiente hostil á Cristo e ao seu evangelho, era corajoso e nunca teve medo
de anunciar a Verdade. Isso nos leva a pensar que muitas vezes somos
negligentes, quando ficamos esperando que as pessoas venham procurar nossa
pastoral ou movimento, parece que a gente não se sente seguro para falar do
evangelho no meio do mundo, lá onde as pessoas precisam escutar esse anúncio,
porque achamos que não vão gostar e que algumas vão ser contra. Se São Paulo
pensasse assim, milhares de pessoas, ontem e hoje, não teriam conhecido a
Jesus.
São
Pedro é chamado o príncipe dos apóstolos, isso é, aquele que iniciou o
apostolado, e vemos no evangelho de hoje, porque o próprio Cristo o constituiu
chefe da sua igreja. Ele conseguiu enxergar em Jesus algo muito mais do que se
falava, o povo via nele um Messias Profeta, comparável a João Batista ou a
Elias, outro grande profeta na História de Israel, mas esse pensamento era
fruto de uma ideologia, e a era messiânica que todos aguardavam com ansiedade,
representava uma nova política, uma inversão do quadro, o Messias era um libertador
Político, enviado por Deus sim, porém, com uma missão terrena.
O
apóstolo Pedro, que fala em nome do grupo, consegue fazer essa transição, do
Messias Histórico e Ideológico, para o Messias Espiritual, ele não era enviado
por Deus mas sim o próprio Deus. O que Jesus falava e fazia, todos viam, e a
partir disso embalavam o sonho e a esperança de dias melhores para o povo de
Israel, mas sempre em uma perspectiva terrena.
A
confissão de Pedro manifesta pela primeira vez no meio do grupo, a Fé em uma
Salvação que supera toda e qualquer realização humana, onde o homem atinge a
plenitude do seu ser, divinizando aquilo que é humano. Cesaréia de Filipe é
terra de pagãos, cercado por rochas sobre as quais há edificações habitadas
pela elite do império romano. A igreja de Cristo está no meio do mundo, porém
edificada sobre a fé professada por toda comunidade, que tem como base a fé
professada por Pedro, naquele dia.
Como
Pedro e Paulo, que sejamos nessa igreja um apoio seguro para os que ainda não
crêem, porque não conhecem a Cristo e acima de tudo, nunca nos esqueçamos que
Jesus Cristo edificou o reino sobre pessoas como Pedro e Paulo, instrumentos
aparentemente fracos, mas que pela ação da graça operante e santificante do
Batismo que receberam, tornaram-se perenes, transpondo fronteiras e todas as
barreiras que separa os homens, para anunciar Jesus Cristo, o Filho de Deus,
aquele que plenificou o nosso existir. (São Pedro e São Paulo MATEUS 16, 13-19)
José da
Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.co
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0086.htm
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