1- A ORDEM DOS
MINISTROS ENFERMOS
No auge
dos seus 30 anos, São Camilo sente o chamado de fazer mais pelos enfermos.
Nessa época, ele já tinha passado por três longos períodos de tratamento no
Hospital de São Tiago para curar a ferida de sua perna. De tanto viver por lá,
ao mesmo tempo em que se tratava, já trabalhava também.
Camilo
chegou a ser administrador do hospital, cuidando, entre outras coisas, da
equipe de trabalho, da compra de alimentos, da troca e cuidado com os lençóis.
Observando
todo o contexto de lá, São Camilo percebeu que ainda era possível fazer mais
pelos doentes. Ele queria cuidar de suas enfermidades, mas, além disso, dar um
lugar digno para cada paciente, que inclua roupas limpas, ambiente arejado,
tratamento humanizado, conversas de amigo etc. Ele dizia que o cuidado dado a
um paciente de hospital deveria ser o mesmo que uma mãe dá ao seu filho único
quando este está enfermo.
No
início, São Camilo buscou mudar o modo como os funcionários faziam as coisas, o
que não deu muito certo. Buscou, então, voluntários que fizessem por amor, sem
qualquer troca financeira. Encontrou cinco rapazes dispostos a trabalhar com
ele. Como uma espécie de companhia, eles reuniam-se à noite numa igrejinha
localizada ao lado do hospital para organizar o trabalho de cuidado aos
enfermos.
Logo,
esse trabalho começou a despertar desavenças com a equipe do Hospital São Tiago
dos Incuráveis. Pouco tempo depois, eles foram convidados a se retirarem de lá.
Encontraram um outro hospital, em Roma também, uma porta aberta para continuar
a desenvolver aquele trabalho. O Hospital do Espírito Santo era considerado o
maior de Roma naquela época.
Com a
providência divina, conseguiram alugar uma casa para servir de sede da
companhia e, a partir daí, a missão foi tomando proporções cada vez maiores.
Aos 32 anos, São Camilo decidiu tornar-se padre, tendo em vista que, como
sacerdote, poderia fazer mais pela missão. Foi aceito no seminário e, mesmo sem
ter nenhum bem em seu nome, exigência para financiar os estudos, a providência
divina agiu por meio de benfeitores que custearam tudo, permitindo assim que um
dia ele fosse ordenado.
Enxergando
a necessidade de um nome para a companhia, os membros se reuniram e discerniram
que ela se chamaria Companhia dos Ministros Enfermos. Depois do nome, as
primeiras regras desta companhia foram escritas e aprovadas. Em 1586, a
companhia conseguiu aprovação pontifícia do Papa Sisto V, tornando-se uma
congregação religiosa. Em 1591, o Papa Gregório XIV aprovou os estatutos e, o
que antes era congregação, virou uma Ordem Religiosa: a Ordem dos Ministros
Enfermos.
O chamado
feito a Camilo já estava dando frutos. Em pouco tempo, novas vocações surgiram
e, ao mesmo tempo, os próprios hospitais já estavam pedindo ajuda dos
missionários para cuidarem dos enfermos. Começou pelos hospitais de Roma até,
mais tarde, a fundação de casas missionárias: em Nápoles, Milão e Gênova. Além
disso, eles também começaram a ser chamados para servirem em conflitos
militares por meio do auxílio aos feridos. Depois, novas casas foram surgindo,
inclusive fora da Itália.
Hoje, a
Ordem dos Ministros Enfermos, popularmente conhecidos como Camilianos está
presente nos cinco continentes do mundo. A maior expansão se deu no Século XX,
devido às duas grandes guerras mundiais. No Brasil, eles chegaram em 1922, na
cidade de Mariana (MG).
2.1-
Ele trabalhou até o fim
São
Camilo esteve à frente da Ordem Religiosa por 15 anos. Com 67 de idade, em 1607
ele já estava muito cansado visto todo esforço físico e intelectual desprendido
para desempenhar a missão. Sem contar que, a ferida em sua perna que lhe acompanhava
desde a juventude, estava piorando. Com isso, ele decidiu renunciar ao cargo de
direção da Ordem, mas permaneceu firme na assistência aos enfermos.
Com menos
responsabilidades, Camilo voltou a trabalhar no Hospital do Espírito Santo. Em
1613, após a eleição de um novo Superior Geral, São Camilo foi chamado a
acompanhá-lo em uma visita às casas da Ordem. No caminho, os dois pararam no
local onde o pai de Camilo havia sido sepultado. Os dois rezaram e Camilo se
emocionou muito. Eles seguiram de Roma para Gênova. Chegando, muito debilitado,
os irmãos queriam que Camilo permanecesse por lá, com medo de que ele morresse
na viagem de volta.
Foi então
que São Camilo profetizou o dia de sua morte. Ele pediu para que não se
preocupassem, pois não morreria ali. Segundo ele, sua morte seria em Roma, no
dia de São Boaventura em 14 de julho.
Mais
tarde, tais palavras se confirmaram. No dia 14 de julho de 1614, São Camilo deu
o último suspiro. O sino da Igreja tocou às nove horas da noite anunciando a
sua morte. Conforme a notícia foi se espalhando, muitas pessoas foram para lá
prestar condolências e rezar por Camilo que, ainda em vida, já tinha
conquistado fama de santo.
Em 1742,
Camilo foi beatificado e, alguns depois, em 1746 foi canonizado pelo Papa Bento
XIV. No final do Século XIX, o Papa Leão XIII o declarou patrono dos doentes e
dos hospitais do mundo inteiro, junto com São João de Deus. Já no Século XX, o
Papa Pio XI o declarou patrono dos profissionais que trabalham em
hospitais.
https://blog.camilianos.org.br/tudo-sobre-a-vida-de-sao-camilo-54
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