KERIGMA: DEFINIÇÃO E SIGNIFICADOS
Kerigma (do grego: κήρυγμα, kérygma) é uma
palavra usada no Novo Testamento com o significado de mensagem, pregação, anúncio ou proclamação.
Definição
No
Evangelho de Lucas, Jesus vai a uma sinagoga e após ler um texto do livro de
Isaías ele se identificou como o Messias prenunciado pelo profeta, aquele
que traria as boas novas, ou o Evangelho.[1] A
afirmação feita por Jesus nesse momento é conhecida como o kerigma e
é a base de sua pregação aos homens.
Em Atos
dos Apóstolos,
capítulo 2, a partir do versículo 22, Pedro, faz uma declaração de sua fé em Jesus Cristo no dia de Pentecostes, seguindo o modelo do kerygma.[2] Tal confissão inclui o seguinte:
- Jesus
Cristo é
o Messias, o Filho de Deus (Atos
2.22);
- ele
esteve morto, ressuscitou e está no céu junto com Deus Pai
(Atos 2.23-33), e quem fala presta testemunho "pessoalmente";
- ele
pede conversão (Atos 2.38,39).
No
século IV, o kerygma será publicado formalmente no credo Niceno.[3]
Apesar
de ter sido efetuado originalmente por Jesus, entende-se que o kerigma se refere a
um ato individual que pode ser realizado por qualquer cristão, mesmo sem experiência ou treinamento
prévio.
Referências
1.
↑ Evangelho segundo Lucas, capítulo 4, versículos 18 a 21
2. ↑ Schubert M.
Ogden, The Understanding of Christian Faith, Wipf and Stock
Publishers, USA, 2010, p. 74
3. ↑ J. Gordon Melton,
Martin Baumann, Religions of the World: A Comprehensive Encyclopedia of
Beliefs and Practices, ABC-CLIO, USA, 2010, p. 634-635
https://www.wikifox.org/pt/wiki/Kerigma
Querigma:
aquilo que o próprio Jesus faz ao anunciar o Reino
Certamente muitos/as de nós somos catequistas há
muito tempo e assumimos com amor e responsabilidade a tarefa dada por nossa
comunidade de iniciar na fé aqueles que, acreditando em Jesus Cristo, querem
viver conosco como irmãos.
Catequisar é, sem dúvida, uma das tarefas mais
importantes da Igreja. E de muitas formas, temos procurado exercê-la bem,
sempre em comunhão com a Igreja e no espírito do Evangelho. Esta tarefa, porém,
no decorrer dos tempos, passou a ser exercida sob a égide da educação escolar,
assumindo cunho muitas vezes acentuadamente moral e dogmático. A iniciação
cristã – pressupondo uma sociedade e uma família cristã – reduziu-se apenas ao
trabalho de comunicar “academicamente” os dogmas, ensinar as orações básicas e
a piedade popular cristã, bem como deixar claro os mandamentos de Deus e da
Igreja, preparando as crianças para receber os sacramentos.
A crise do mundo moderno, por sua vez, abalou os
aparentemente sólidos fundamentos do mundo cristão, de modo que também a
catequese foi comprometida: como continuar a apenas preparar para os
sacramentos e a ensinar os mandamentos se a questão mais fundamental sobre Deus
e a fé é que estão em cheque? Como perpetuar o proceder moral cristão num mundo
onde Cristo e a Igreja não jogam mais papel central na vida humana?
Neste contexto paradigmático é que a Igreja percebe
que “as alegrias e as esperanças do homem e da mulher de cada época é também as
alegrias e as tristezas dos filhos da Igreja” (GS 1), o que lhe exigiu um
trabalho de repropor a fé na realidade atual.
Sobre este trabalho se debruçou o Concílio
Ecumênico Vaticano II. Este, motivado pelos movimentos litúrgicos e
catequéticos e inspirados na experiência das primeiras comunidades cristãs –
redescoberta mais ricamente com os textos patrísticos – estabeleceu, entre
outras coisas, a retomada de um catecumenato (SC 64) que fosse realmente
mistagógico e correspondesse às necessidades da Igreja de nossos tempos.
Aqui, claro, cabe a pergunta sobre “qual é a Igreja
de nossa época” etc. mas o mais importante – e que é o foco de nossa conversa –
é compreender que o centro deste processo de iniciação desejado pelo concílio e
amadurecido no decorrer das décadas subsequentes é o kerigma.
Compreendê-lo é fundamental para uma iniciação cristã que alcance o homem e a
mulher de nossa época.
Mas o que é o kerigma? Por que ele é tão
importante?
Kerix é a palavra grega para mensageiro. Kerigma,
decorrente dela, é a palavra usada no Novo Testamento para significar anúncio,
proclamação.
Aquilo que o próprio Jesus faz ao anunciar o Reino
é um ato kerigmático. Igualmente, depois de sua Morte e Ressurreição,
sendo o próprio Jesus o conteúdo do kerigma, aquilo que os apóstolos e
os primeiros cristãos fizeram é um kerigma. Este anúncio é o que, em
última instância, marca a possibilidade do início da fé cristã. É por meio dele
que se pode vir ao conhecimento da pessoa de Jesus Cristo e desejar o batismo
de forma consciente e pessoal, para além de um evento meramente cultural.
A questão do ouvir como pedagogia interpelativa de
Deus na história é fundamental na história da salvação. “Shemmá [escuta]
Israel” é o convite que todo judeu repete quotidianamente. O próprio Filho é a
Palavra que o Pai proclama para toda a humanidade. A adesão a esta palavra
interpelativa marcou a vida dos patriarcas, dos reis, profetas e profetizas do
Povo Eleito. No Novo Testamento, a resposta ao anúncio feito pelo Anjo tornou a
Virgem Maria a Mãe de Deus e, assim, a Palavra se fez carne e habitou entre
nós.
O kérigma – a loucura do anúncio (1Cor 1,21), nas
palavras de São Paulo – é a primeira experiência de encontro entre o ser humano
e Cristo, anunciado Senhor da Vida e da Morte, porque morto e ressuscitado.
Diante deste Kyrios, o ser humano vê a possibilidade de uma vida desvencilhada
da opressão da morte, e pode aderir ou não à vida cristã.
O grande problema de nossa época é que o ser
cristão tem sido tomado como pressuposto. Acontece que, na verdade, o que há
não é uma adesão pessoal a Jesus Cristo, mas uma acomodação cultural ao
cristianismo.
Retornar ao kerigma, neste ambiente, implica
iluminar a situação histórica e pessoal de cada um com a possibilidade da
ressurreição oferecida por Cristo.
Este anúncio é o centro de toda obra de iniciação
cristã que acontece na catequese: fazer com que aqueles que procuram a
comunidade reconheçam que a ressurreição de Cristo traz sérias e profundas
implicâncias para as suas vidas em nível pessoal. Esta consciência parece ser
fundamental para que se possa viver como Cristo e participar de sua vida pelo
batismo.
Nas palavras de São Paulo se percebe o papel
fundamental do anúncio. Ele diz na Carta aos Romanos: “Como, porém, invocarão
aquele em que não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como
ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?”
Assim, aplicar-se na renovação da catequese passa
pela redescoberta deste primeiro anúncio, sempre e de várias maneiras retomado,
onde se faz conhecer o senhorio de Cristo sobre a morte e o mal.
- Frei Jorge Lisot
O que é “que
A palavra “querigma” tem sua
raiz relacionada com os arautos reais – os “quérix” –, homens
que percorriam os reinos proclamando as notícias relacionadas
com a vida palaciana.
Na tradição cristã, a
palavra querigma se tornou sinônimo do primeiro
anúncio das verdades da fé. Os discípulos, após a morte de Jesus, saíram
pelas cidades e povoados anunciando o querigma do Reino de Deus,
que, nas Escrituras, é assim resumido: “Jesus de Nazaré foi
morto, ressuscitado e exaltado à direita de Deus Pai”.
Essa afirmação é o centro da
fé cristã. Entre os apóstolos, São Pauloé muitas
vezes chamado de grande missionário querigmático, já que ele soube
mais do que ninguém propor as bases do Evangelho e o nome
de Jesus para muitos povos e muitas culturas diferentes.
O querigma cristão consiste na apresentação de Jesus com
seus três grandes títulos: Salvador, Senhor e Messias.
Todos os que desejam seguir
Jesus Cristo passam, necessariamente, pelo anúncio primeiro da
fé, pelo despertar do amor a Jesus Cristo. O querigma é,
então, o primeiro anúncio do Evangelhopara aquelas pessoas que ainda
não conhecem Jesus Cristo. A palavra anunciada não é uma teoria. É a Boa
Notícia que revela o amor de Deus pela humanidade
na entrega de seu Filho Jesus.
A verdadeira evangelização começa
com o querigma, que dá vida nova, experiência
de fé, Boa-Nova e poder do espírito. Só os que são
enviados têm autoridade para anunciar o querigma. A evangelização
tem um processo próprio que não se deve inverter, sob pena de perder a
força intrínseca da Palavra de Deus: primeiro, deve-se apresentar
Jesus, centro e base da Boa-Nova; depois, e somente depois, é que se devem
expor as verdades, leis e exigências desse Jesus.
A continuidade do
anúncio querigmático é a catequese. O querigma inaugura a
experiência da fé; a catequese sedimenta esse amor,primeiro por meio do
desenvolvimento das verdades e doutrinas e da
adesão contínua ao projeto de Jesus. Ainda que sejam
interdependentes, pois são formas de evangelização essenciais
para a vida do cristianismo, o anúncio inicial e a catequese são
modos distintos de inserir o cristão no seguimento de Jesus Cristo.
Ambas as ações são necessárias e delas resulta o verdadeiro espírito
missionário, que movimenta nossa Igreja.
Por Aleteia
https://arquifln.org.br/noticias/o-que-e-querigma/
Nenhum comentário:
Postar um comentário