sábado, 30 de julho de 2022

REFLEXÃO DOMINICAL III: O VERDADEIRO TESOURO

 



REFLEXÃO DOMINICAL III

 

O verdadeiro Tesouro

Certamente que as dúvidas de um desempregado, aposentado ou assalariado, são outras, bem diferentes do homem que protagoniza o evangelho desse domingo. Enquanto os primeiros se perguntam como irão sobreviver e pagar tantas contas, o segundo está com uma dúvida cruel: onde irá armazenar o trigo, que produziu muito mais do que o esperado... Será que vale a pena derrubar os celeiros e fazer outros maiores para armazenar a produção excedente?

Segundo a lógica capitalista que prioriza o lucro e o patrimônio, nem é preciso pensar duas vezes,  seria uma burrice não investir. Mas segundo a lógica do evangelho, e a linha de raciocínio de um sábio chamado Coélet, é uma grande perda de tempo correr atrás da felicidade, pensando que ela está nas riquezas que este mundo pode oferecer, pois tudo é vaidade, conclui o sábio. Jesus por sua vez, não faz nenhum discurso inflamado contra o capitalismo, ou contra os grandes latifundiários que monopolizam a economia, para decepção dos que querem uma revolução, ele apenas constata o terrível engano que cometem os que depositam toda sua segurança e felicidade, apenas nos bens deste mundo.

De fato, podemos imaginar a frustração e o terror que se apodera do coração de um homem, que chegando de maneira consciente ao derradeiro instante de sua vida, descobre que passou toda sua existência acumulando riquezas, que na verdade não passavam de quinquilharias sem valor, perto do tesouro inestimável do amor e da graça que em Jesus o Pai ofereceu ao mundo. E o que é pior, tudo isso vai ficar para trás, nenhum centavo irá com ele, e outros que talvez nem trabalharam irão usufruir do seu capital.

Ele bem que poderia ter investido no verdadeiro tesouro, partilhando seus bens e sua riqueza com os pobres, poderia ter feito para os empregados uma forma de participação nos lucros, dando aos mesmos esta alegria, poderia quem sabe, ter investido forte no social, não apenas de uma maneira mesquinha, visando incentivo fiscal ou isenção tributária,, mas com o objetivo verdadeiro de melhorar as condições de vida de tantas pessoas. Poderia ainda ter gerado novos empregos, elaborar uma política salarial digna e séria, onde os empregados pudessem crescer e dar mais conforto á família, e não apenas oferecer alguns míseros percentuais para repor a inflação. Isso também vale para os governantes, que muitas vezes colocam a saúde e o social em segundo plano.

Quantas bênçãos para o patrimônio de uma empresa ou nação, Deus envia do céu, quando se coloca a vida do ser humano em primeiro lugar, e não os seus interesses políticos, ou os seus gordos lucros! Mas não!

Nada disso fez este homem, que preferiu relacionar-se de maneira possessiva com seus bens: “MEU trigo, MEUS celeiros”, armazenar, acumular, ganhar mais para ter um lucro ainda maior, em nenhum momento ele fez planos que incluíssem a família, a mulher e os filhos, em nenhum momento ocorreu-lhe a ideia de ajudar seus empregados.

O fim de tal homem será terrível! Não porque Deus irá se vingar mandando-o para as profundezas do inferno, mas sim porque, como já o dissemos, na última hora vai “cair à ficha” descobrirá amargurado, que viveu de maneira egoísta, o remorso e o arrependimento lhe baterão no coração, e a dor por estar longe de Deus e do seu reino, será eterna e insuportável! Isso é o inferno! Esse homem durante a sua vida não conseguiu se descobrir como um Filho de Deus, vocacionado ao amor, que partilha que é generoso e solidário com os que não têm. Uma partilha que não pode ser imposta pelo poder de alguma lei, mas ditada por um coração transbordante de amor, esta é a razão porque Jesus se recusa a interferir em uma briga de irmãos na disputa de uma herança.

Na verdade este homem perdeu toda a sua existência correndo atrás do brilho falso e ilusório das riquezas materiais, cultuando o deus dinheiro e fazendo das grandes magazines as imponentes catedrais de adoração ao poderoso deus do consumo, permanecendo no “Homem velho”, não se dando conta que a ressurreição de Jesus marcou uma “virada” definitiva na vida do homem, que precisa sim dos bens deste mundo para viver, mas que em seu coração só busca as coisas do alto onde está a verdadeira glória e o mais valioso de todos os tesouros da terra.

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  
jotacruz3051@gmail.com

http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0315.htm#msg01

 


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