REFLEXÃO DOMINICAL III
O verdadeiro Tesouro
Certamente
que as dúvidas de um desempregado, aposentado ou assalariado, são outras, bem
diferentes do homem que protagoniza o evangelho desse domingo. Enquanto os
primeiros se perguntam como irão sobreviver e pagar tantas contas, o segundo
está com uma dúvida cruel: onde irá armazenar o trigo, que produziu muito mais
do que o esperado... Será que vale a pena derrubar os celeiros e fazer outros
maiores para armazenar a produção excedente?
Segundo
a lógica capitalista que prioriza o lucro e o patrimônio, nem é preciso pensar
duas vezes, seria uma burrice não investir. Mas segundo a lógica do
evangelho, e a linha de raciocínio de um sábio chamado Coélet, é uma grande
perda de tempo correr atrás da felicidade, pensando que ela está nas riquezas
que este mundo pode oferecer, pois tudo é vaidade, conclui o sábio. Jesus por
sua vez, não faz nenhum discurso inflamado contra o capitalismo, ou contra os
grandes latifundiários que monopolizam a economia, para decepção dos que querem
uma revolução, ele apenas constata o terrível engano que cometem os que
depositam toda sua segurança e felicidade, apenas nos bens deste mundo.
De
fato, podemos imaginar a frustração e o terror que se apodera do coração de um
homem, que chegando de maneira consciente ao derradeiro instante de sua vida,
descobre que passou toda sua existência acumulando riquezas, que na verdade não
passavam de quinquilharias sem valor, perto do tesouro inestimável do amor e da
graça que em Jesus o Pai ofereceu ao mundo. E o que é pior, tudo isso vai ficar
para trás, nenhum centavo irá com ele, e outros que talvez nem trabalharam irão
usufruir do seu capital.
Ele
bem que poderia ter investido no verdadeiro tesouro, partilhando seus bens e
sua riqueza com os pobres, poderia ter feito para os empregados uma forma de
participação nos lucros, dando aos mesmos esta alegria, poderia quem sabe, ter
investido forte no social, não apenas de uma maneira mesquinha, visando
incentivo fiscal ou isenção tributária,, mas com o objetivo verdadeiro de
melhorar as condições de vida de tantas pessoas. Poderia ainda ter gerado novos
empregos, elaborar uma política salarial digna e séria, onde os empregados
pudessem crescer e dar mais conforto á família, e não apenas oferecer alguns
míseros percentuais para repor a inflação. Isso também vale para os governantes,
que muitas vezes colocam a saúde e o social em segundo plano.
Quantas
bênçãos para o patrimônio de uma empresa ou nação, Deus envia do céu, quando se
coloca a vida do ser humano em primeiro lugar, e não os seus interesses
políticos, ou os seus gordos lucros! Mas não!
Nada
disso fez este homem, que preferiu relacionar-se de maneira possessiva com seus
bens: “MEU trigo, MEUS celeiros”, armazenar, acumular, ganhar mais para ter um
lucro ainda maior, em nenhum momento ele fez planos que incluíssem a família, a
mulher e os filhos, em nenhum momento ocorreu-lhe a ideia de ajudar seus
empregados.
O
fim de tal homem será terrível! Não porque Deus irá se vingar mandando-o para
as profundezas do inferno, mas sim porque, como já o dissemos, na última hora
vai “cair à ficha” descobrirá amargurado, que viveu de maneira egoísta, o
remorso e o arrependimento lhe baterão no coração, e a dor por estar longe de
Deus e do seu reino, será eterna e insuportável! Isso é o inferno! Esse homem
durante a sua vida não conseguiu se descobrir como um Filho de Deus,
vocacionado ao amor, que partilha que é generoso e solidário com os que não
têm. Uma partilha que não pode ser imposta pelo poder de alguma lei, mas ditada
por um coração transbordante de amor, esta é a razão porque Jesus se recusa a
interferir em uma briga de irmãos na disputa de uma herança.
Na
verdade este homem perdeu toda a sua existência correndo atrás do brilho falso
e ilusório das riquezas materiais, cultuando o deus dinheiro e fazendo das
grandes magazines as imponentes catedrais de adoração ao poderoso deus do
consumo, permanecendo no “Homem velho”, não se dando conta que a ressurreição
de Jesus marcou uma “virada” definitiva na vida do homem, que precisa sim dos
bens deste mundo para viver, mas que em seu coração só busca as coisas do alto
onde está a verdadeira glória e o mais valioso de todos os tesouros da terra.
José da
Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0315.htm#msg01
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