sexta-feira, 15 de julho de 2022

REFLEXÃO DOMINICAL I: ACOLHER HOJE

 

REFLEXÃO DOMINICAL I

ACOLHER HOJE

A acolhida se caracteriza, certamente, pela capacidade de receber aquele que chega e que sempre traz alguma novidade. Muitas vezes, aquele que chega é desconhecido e nos encontra despreparados. Entretanto, é neste cenário que se encontra o mistério da acolhida: saber reconhecer a presença de Deus no outro. Sim, a mística da acolhida é desconcertante, pois revela nosso grau de comprometimento com Cristo e, por conseguinte, com o próximo. Afinal de contas, a acolhida é a expressão maior da autêntica fraternidade, capaz de transformar tanto aquele que acolhe, quanto aquele que é acolhido, através da superação das mais variadas diferenças sociais, políticas, econômicas e, inclusive, religiosas. Nesta perspectiva, podemos nos voltar para a primeira leitura e contemplar a figura de Abraão. Diante dos três homens que passam, Abraão aplica toda sua atenção para que eles sejam acolhidos. O patriarca oferece abrigo, água, pão e até mesmo manda providenciar um belo bezerro para receber os passantes. Um leitor desavisado poderia facilmente pensar que acolher implica em gastar tempo e dinheiro com um desconhecido, porém, a lógica da acolhida não observa as leis e teorias da economia, pois aqui aquele que acolhe não perde, mas ganha! E será através da experiência da acolhida que Abraão verá se concretizar seu sonho de ser pai. Seguramente, a acolhida nos faz sair de nossa comodidade. Abrir nossas portas para quem passa é uma oportunidade de crescimento que nos permite mudar o itinerário de nossos caminhos com uma atenção cada vez mais crescente à realidade do outro. O evangelho também nos fala da acolhida. Tudo se desenvolve em uma casa que é visitada por Jesus. A dona da casa, Marta, está com sua irmã, Maria. Quando se fala de acolher, não basta abrir as portas, mas é fundamental que se dê atenção. Marta se encontra atarefada e diante do visitante, não dá toda atenção devida. Ela abre sua casa, recebe Jesus, mas não O acolhe, está muito ocupada. Maria, por sua vez, suspende suas tarefas, reorganiza sua programação e parte ao encontro do Senhor, escuta-O. Interessante observar que em dado momento, a própria Marta pede que Jesus chame a atenção de sua irmã, talvez por se sentir abandonada nos afazeres da casa. No entanto, a atitude de Jesus a surpreende, pois é Marta a corrigida, precisamente aquela que não acolhera o Senhor com a atenção própria. A liturgia deste domingo nos chama atenção para que priorizemos a vida em todas as circunstâncias e o façamos plenamente através da acolhida. Papa Francisco nos recorda que acolher é testemunhar o amor de Jesus. A acolhida se dá com o pobre, o migrante, a criança, o excluído, o necessitado, mas também com aqueles que convivemos de mais perto, seja em nossas famílias, trabalho ou lazer. A acolhida verdadeira é sempre uma oportunidade de transformarmos e de sermos transformados.

Dom Carlos Silva, OFMcap.

https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-46-c-43-16-domingo-do-tempo-comum.pdf

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