sábado, 8 de outubro de 2022

ANÁLISES E AVALIAÇÕES DAS ELEIÇÕES BRASILEIRAS

 

ANÁLISES E AVALIAÇÕES DAS ELEIÇÕES BRASILEIRAS

Resultado do 1º turno das eleições e impactos esperados na política, mercados e economia

 

No domingo, 02 de outubro, 1º turno das outubro, eleições ocorreu no Brasil, com votações para Presidente, Governadores estaduais, Senado e Deputados Federais e Estaduais. No total, 122 milhões de eleitores compareceram às urnas, e o nível de abstenção ficou em 20,9%, similar a eleições passadas.

Trazemos, nesse relatório, o comentário das nossas equipes de análise Política, Economia e Estratégia, sobre os resultados e o que esperar para os preços de ativos e mercados.

O segundo turno entre Lula e Bolsonaro

Equipe XP Política

Em que pese nosso cenário já contemplasse uma dianteira de Lula sobre Jair Bolsonaro menor que os 13 pontos anotados pelas pesquisas de véspera, o resultado do primeiro turno da disputa presidencial, com uma vantagem de 5 pontos a favor do petista, reduz a probabilidade de vitória do ex-presidente em segundo turno, embora, em um primeiro momento, não lhe subtraia seguir com ainda um certo favoritismo no 2º turno.

Isso porque, com 99,4% das urnas apuradas, havia cerca de 8,4 pontos em disputa — Bolsonaro precisaria conquistar pelo menos 79% deles para ser vitorioso daqui quatro semanas

E, nas últimas semanas, a migração potencial estimada não parecia o favorecer: dos cerca de 6% que Ciro Gomes registrava em pesquisas, algo entre 3 e 4 pontos migravam para Lula no segundo e cerca de 1 ponto ia para Bolsonaro. Dos cerca de 4% de Simone, 2 pontos iam para Lula e 1 ponto para Bolsonaro no segundo turno — em que pese o estudo sobre migração de votos tenha limitações, seja pelos movimentos de reta final, seja pela pequena amostra oriunda dos votos já magros de antes.

Em termos absolutos, fez muita diferença para o resultado deste domingo a discrepância nos estados do Sudeste: em São Paulo, pesquisas davam perto de 10 pontos de vantagem de Lula sobre o presidente, enquanto Bolsonaro teve 7 pontos de dianteira sobre o petista. Minas Gerais e Rio de Janeiro tiveram resultados na mesma direção.

A distância menor, por óbvio, dá fôlego à narrativa da campanha de Bolsonaro — ainda mais porque o comitê petista chegou à reta final falando em “onda” que poderia lhe dar a vitória em primeiro turno. Embora atrás, Bolonaro sai do primeiro turno com cara de vitorioso. 

Para o segundo turno, ele contará também com relevantes aliados em estados populosos. Em Minas, Romeu Zema, reeleito, ganha incentivos a fazer campanha para Bolsonaro, e a dianteira de Tarcísio de Freitas em São Paulo lhe dá importante palanque no maior colégio eleitoral do país. A ordem, portanto, é investir pesado nesses dois estados e aproveitar a vantagem conquistada Brasil afora, como nas 18 vagas conquistadas de um total de 27 para o Senado, para ter palanques fortes, capazes de inverter a vantagem de Lula

 A campanha de Lula, que contava com um segundo turno em que apenas administraria a dianteira por quatro semanas, precisará se reinventar para manter o fôlego. Lula buscará ampliar a frente democrática com apoio dos partidos que não embarcaram no primeiro turno, como o MDB de Simone Tebet — que acabou superando Ciro — com expectativa de que a própria senadora declare seu voto no petista.

Impacto esperado para preços de ativos nos mercados

Fernando Ferreira, Jennie Li e equipe

O resultado das eleições mostra uma eleição muito mais apertada do que era esperado inicialmente. Isso trará possivelmente acenos mais ao centro por parte dos dois candidatos, na tentativa de atrair o eleitor de centro e ainda indeciso. Para os preços de ativos brasileiros, vemos esse cenário de uma eleição mais próxima possa ser recebido positivamente pelos investidores.

Além disso, as eleições do Congresso nacional também indicam uma força relevante dos partidos de Centro e de Direita. Isso indica que o próximo presidente, seja ele Lula ou Bolsonaro, terá que seguir negociando com a Câmara e o Senado nas pautas mais importantes.

Porém, vale lembrar que o cenário global e externo segue desafiador, o que pode também seguir pesando nos ativos brasileiros nas próximas semanas, durante o 2º turno. Nos últimos dias, notícias sobre possíveis dificuldades em alguns bancos Europeus foram o destaque.

O pleito segue em aberto para o 2º turno, e o mercado deve acompanhar de perto as próximas evoluções dos candidatos e suas propostas. Isso pode vir a elevar um pouco a volatilidade do mercado, que segue em um patamar baixo em relação ao histórico durante períodos eleitorais, como demonstramos nesse relatório.

Os papéis e setores que tendem a ser mais sensíveis às eleições são as estatais (como Petrobras e Banco do Brasil), e setores domésticos como educação, imobiliário e varejistas. Além disso, papéis ligados às eleições estaduais também podem ter bom desempenho por conta da eleição de candidatos da direita, como Sabesp (SBSP3), com o forte resultado do candidato Tarcísio de Freitas no 1º turno, Cemig (CMIG4) com a reeleição do governador Zema, e Banrisul (BRSR6) com o 2º turno entre Onyx Lorenzoni e o ex-governador Eduardo Leite.

Nós continuamos enxergando a Bolsa brasileira como atrativa, pois segue negociando em um indicador de Preço/Lucro de 6,6x, 40% de desconto em relação à média histórica. Em nosso Raio-XP desse mês, mantemos o valor justo do Ibovespa em 130 mil pontos inalterado esse mês. A queda dos juros futuros (DIs) de longo prazo no Brasil segue sendo um suporte importante para o valor justo da Bolsa.

Política fiscal adiante segue sendo a principal dúvida no âmbito econômico

Caio Megale e equipe

Do ponto de vista da política econômica, o primeiro turno da campanha trouxe pouca novidade. Tanto o presidente Bolsonaro quanto o ex-presidente Lula sinalizaram a intenção de substituir o teto constitucional de gastos como principal âncora fiscal, mas não está claro o que vem a seguir. Considerando que o Brasil ainda possui dívida e serviço da dívida elevados, a diretriz da política fiscal a partir de 2023 é fundamental para que as expectativas de inflação continuem caindo, abrindo espaço para o Banco Central reduzir juros adiante.

Além disso, muito pouco se falou sobre reformas estruturais, como reforma tributária e reforma administrativa.

Isso vai mudar nas próximas semanas? Possivelmente sim, mas provavelmente não muito.

O resultado relativamente apertado no primeiro turno pode pressionar Lula a dar mais detalhes sobre seu plano econômico e equipe, para atrair os eleitores mais moderados. O presidente Bolsonaro, por sua vez, tende a reforçar a importância de seu programa de transferência de renda Auxílio-Brasil para reverter parte da vantagem expressiva de Lula na região Nordeste.

Ainda assim, por ora não parece provável que muitos detalhes dos planos para a política econômica sejam divulgados. Se for esse o caso, os mercados tendem a permanecer voláteis pelo menos até o final do segundo turno. Os indicadores econômicos correntes devem permanecer positivos, com crescimento sólido, inflação em queda e resultados fiscais e de balanço de pagamentos saudáveis. Mas isso não importa muito, em meio a elevados riscos globais e locais para 2023.

https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/resultado-do-1o-turno-das-eleicoes-e-impactos-esperados-na-politica-mercados-e-economia/

 

Cientistas políticos avaliam cenários para o 2º turno da disputa presidencial

Professores da FGV e USP apontam que apoios aos candidatos no segundo turno devem movimentar as campanhas

Em entrevista à CNN nesta quarta-feira (5), cientistas políticos e professores da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da USP avaliaram o cenário eleitoral para o segundo turno da eleição presidencial e como os apoios políticos podem fortalecer as campanhas.

Segundo Marco Antonio Teixeira, professor da FGV, o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), “criou uma crise sem precedentes no PSDB” ao declarar apoio a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na avaliação do especialista, “parte do secretariado [de Garcia] pode abandonar o governo inclusive”. Segundo Teixeira, “uma consequência da fragmentação partidária é a individualização da política”.

“O único grande partido que tomou uma posição partidária [em relação ao segundo turno] foi o PDT, que trouxe Ciro Gomes nessa posição”, disse à CNN.

Contudo, o professor pontuou que “a impressão que se teve é que Ciro não veio muito confortável”

Movimentações para ganhar voto                  

Eduardo Grin, cientista político e professor da FGV-RJ, disse à CNN nesta quarta-feira (5) que os candidatos à disputa no segundo turno das eleições precisarão fazer “movimentações” para ganhar votos.

“Não adianta ter apoio se o movimento junto ao eleitor não se modificar”, afirmou.

“Para que haja mudança de voto, no caso de Bolsonaro, ele precisa reduzir a sua rejeição e aumentar a rejeição de Lula”, afirmou.

No caso do apoio ao ex-presidente Lula, Grin avalia que os apoios serão importantes para eleitores que ainda têm rejeição ao PT.

“Esses apoios que estão por vir [a Lula] têm muita relevância, porque significa, para uma ampla parcela da sociedade que tinha, e ainda tem, uma rejeição ao PT, algum tipo de credibilidade para emprestar apoio ao seu voto”.

Segundo ele, “o MDB vai para esse segundo turno rachado”. O professor explica queu no Sul o apoio de mebros do partido deve vir a Jair Bolsonaro e no Nordeste para Lula.

“O MDB não vai entrar nessa eleição identificado, mas Simone Tebet tem um apoio importante porque terminou o primeiro turno em alta. Isso pode ‘emprestar’ a Lula uma credibilidade maior no sentido de olhar para o centro”, disse.

Avaliando o cenário atual, Grin afirma que é “preciso verificar como esses apoios políticos vão se desdobrar na campanha daqui para frente”.

No entanto, o professor afirma que “na simbologia e na força política, os apoios destinados a Bolsonaro fazem ele “arrancar na frente”.

https://www.cnnbrasil.com.br/politica/cientistas-politicos-avaliam-cenarios-para-o-2o-turno-da-disputa-presidencial/

 

Eleições 2022: Bolsonaro e Lula miram rejeição e transferência de voto em campanha do 2º turno

Por Matheus Caselato

Começou nesta sexta-feira (7) a divulgação das propagandas eleitorais gratuitas na televisão e no rádio para o segundo turno das eleições presidenciais. Mas a campanha teve início ainda no domingo (2), minutos depois que os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) tiveram a confirmação que a disputa será entre eles.

Já no discurso após a confirmação do resultado do primeiro turno, tanto Lula quanto Bolsonaro iniciaram suas narrativas pensando no próximo dia 30 de outubro, quando será realizado o segundo turno das eleições. Nos dias que se seguiram os dois candidatos também já começaram a buscar apoio de outros candidatos e partidos.

“Claramente, são duas propostas diferentes. Dois líderes de massa diferentes. Dois governos diferentes. Duas visões de mundo diferentes. O eleitor não terá dificuldade de diferenciar uma coisa da outra”, afirma Cleber Benvegnú, colunista do Money Times e especialista em gestão de imagem.

“Lula está mais perto numericamente da vitória, mas Bolsonaro avançou muitas casas politicamente – com o resultado do primeiro turno, contrariando as pesquisas, e já nos primeiros dias do segundo turno”, analisa o consultor político.

Foco é no aumento da rejeição

Para o cientista político Bruno Soller, a campanha do segundo turno será negativa, visando o eleitor que não teve nenhum dos dois candidatos como primeira escolha.

“Assim, as campanhas buscam atingir ao máximo o adversário para que o eleitor, na hora da escolha, escolha aquela que menos desagrada. Então, as campanhas acabam apelando muito pra isso”, explica.

Para Soller, o resultado do primeiro turno deve ser visto como um fator determinante para o posicionamento das campanhas. “Basicamente houve um segundo turno no primeiro já que o voto da terceira via foi o mais insignificante dos últimos anos”, emenda.

Ele se refere aos candidatos derrotados Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT), que tiveram somados, 7% dos votos.

Benvegnú concorda que esse será o mote das campanhas no segundo turno será negativo. “Não há outro caminho. Política é sobre o que você aprova, mas também sobre o que você rejeita”, afirma.

Além disso, o colunista lembra que a rejeição movimenta mais o eleitor do que eventual adesão.

Apoio e transferência de voto

Apesar de tanto Lula quanto Bolsonaro correrem para conseguiu o maior número de adesão às suas candidaturas, Benvegnú não vê impacto desses apoios no número total de votos.

“Político não transmite votos como outrora, ao menos não automaticamente. O eleitor é independente, está muito mais informado e muito mais politizado”, explica.

Ainda assim, ele observa que os apoios geram uma percepção simbólica muito forte. “Mas não é isso que decide, claro”, emenda.

Soller também avalia que o simples apoio de um candidato não é certeza de transferência de voto. “Os apoios mostram um pouco de pluralidade, mas no ponto de vista de voto é uma outra circunstância”, diz.

Como exemplo, ele cita que Simone teve, em São Paulo, um voto mais da classe média, o que dificilmente deve ir para o Lula. Trata-se de algo diferente dos votos do Nordeste em Ciro, que devem migrar para o petista.

“Mas é muito difícil ter certeza desse movimento de votos de um candidato ao outro pelo simples apoio que ele mostra”, ressalta o cientista político.

Não é bem assim…

Apesar da dificuldade de conquistar votos devido ao apoio, o cientista político Renato Dolci acredita que Bolsonaro conseguiu sair na frente. Afinal, em termos de proximidade com os eleitores, os governadores têm mais representatividade que os candidatos à Presidência.

“É difícil determinar se apoio traz migração de voto. Mostrar publicamente apoio é sempre relevante, mas isso não significa que vai haver votos migrando, principalmente nessas eleições”, destacou Dolci.

Nesse sentido, Bolsonaro parece ter mais impacto. “Os apoios dos governadores acabam sendo mais relevantes porque eles estão mais próximos dos seus estados, muitos até em campanha”

https://www.moneytimes.com.br/eleicoes-2022-bolsonaro-e-lula-miram-rejeicao-e-transferencia-de-voto-em-campanha-do-2o-turno/

 

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