Disputa
entre Lula e Bolsonaro arrasta Igreja Católica para debate eleitoral
·
A disputa entre o
petista Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro, candidato à
reeleição ao Palácio do Planalto pelo PL, arrastou a Igreja Católica para o
centro do debate eleitoral neste segundo turno. Marca da primeira fase da
corrida presidencial com foco nos evangélicos, a busca pelo voto religioso mira
agora todos os cristãos. Autoridades eclesiásticas tiveram de ir a público
pedir "calma", "discernimento" e "respeito" entre
os fiéis, em meio às divergências e à polarização.
Ao mesmo tempo há
radicalização de discursos em favor do atual mandatário ou manifestações de
apoio ao ex-presidente. Padres, como Paulo Ricardo, da Arquidiocese de Cuiabá,
disseram que o momento eleitoral configura uma "luta espiritual"
contra o satanás, o aborto e o comunismo.
O arcebispo de São
Paulo, d. Odilo Scherer, por sua vez, teve de explicar por que usa vestes
vermelhas - a cor dos cardeais -, marcou posicionamento contra a interrupção da
gravidez e chegou a alertar para os riscos do fascismo. "Tempos estranhos
esses nossos! Conheço bastante a história. Às vezes, parece-me reviver os
tempos da ascensão ao poder dos regimes totalitários, especialmente o fascismo.
É preciso ter muita calma e discernimento nesta hora!", escreveu d. Odilo,
no Twitter, anteontem.
Para Vinicius do
Valle, doutor em Ciência Política pela USP, especialista em religião e pesquisador
do Observatório Evangélico, a atual eleição é o momento de maior tensão
política para a Igreja Católica desde a redemocratização. "Não por
escolha, mas porque ela foi empurrada. A Igreja Católica não tem manifestações
de apoio a um candidato e, sim, posicionamentos mais ideológicos, que ora se
alinham com um (candidato), ora com outro", afirmou Valle.
Nenhum comentário:
Postar um comentário