terça-feira, 11 de outubro de 2022

ESPIRITUALIDADE Nossa Senhora Aparecida: uma mensagem forte e sempre atual

 

ESPIRITUALIDADE

Nossa Senhora Aparecida: uma mensagem forte e sempre atual

Por Hozana

Por que tão grande é o número de devotos de Nossa Senhora em todo este país imenso que é o Brasil?

Pensar em Nossa Senhora, falar de Nossa Senhora, é-me inevitável a lembrança da letra de uma música de Roberto Carlos, intitulada Todas as Nossas Senhoras, especialmente o refrão: Minha mãe Nossa Senhora somos todos filhos seus / Todas as Nossas Senhoras são a mesma mãe de Deus.

Aí, o compositor expressa duas verdades que o católico deve ter sempre em mente: Maria é nossa mãe, este foi o último mandamento de Cristo, na sua vida terrena; e que Ela é venerada sob muitos títulos, ora relacionados às aparições (como em Fátima, e em Lourdes), ora a acontecimentos específicos, que é o casso de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil.

Mas por que tão grande é o número de devotos em todo este país imenso, que é o Brasil? Pessoas que acompanham as missas, novenas, terços, e outros eventos, pela TV, pelo rádio e mídias sociais… E se deslocam em romarias, movimentos, pastorais e assembleias (nacionais ou do continente americano) — a lotar, muitas vezes, uma catedral que perde em tamanho apenas para a de São Pedro, no Vaticano? 

Busquemos, pois, a resposta a partir da História, a Mestra da vida (no dizer do orador romano Cícero).

A história de Nossa Senhora Aparecida

Tudo começou em 1717. Os pescadores João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia, vão pescar nas claras águas (à época) do rio Paraíba do Sul, para prover o banquete com que a Vila de Guaratinguetá receberia o Conde de Assumar, Governador da Província de São Paulo e Minas, em passagem pela região, com destino à cidade mineira de Vila Rica (atual Ouro Preto). Muitas tentativas em vão. De repente “pescam” uma imagem sem cabeça; e, no lançamento seguinte, a cabeça, completando a imagem. Então, conseguem uma espantosa pesca, em volume descomunal. A imagem foi reconhecida como de Nossa Senhora da Conceição. E, os pescadores, devotos da Virgem Maria, viram no surgimento da imagem, junto com a pesca milagrosa, um sinal da Santa. 

As pessoas passam a visitar a imagem, com rezas e novenas. Nos primeiros anos, na casa de Felipe Pedroso. Com o número de devotos e visitantes sempre crescendo, construiu-se uma capela no Morro dos Coqueiros, em 1735. 

Os milagres

E seguem os milagres atribuídos à Nossa Senhora Aparecida. Pomos, aqui, uma rápida síntese dos primeiros, citados pelo historiador de Aparecida Júlio J. Brustoloni (História de Nossa Senhora Aparecida: Sua Imagem e seu Santuário): 

Em noite sem vento, as velas do altar de Nossa Senhora apagam-se, para depois de algum tempo, voltarem a acender-se, sem a intervenção humana. 

O escravizado Zacarias, preso por grossas correntes, tem permissão do feitor para rezar no Santuário. E, ao rezar com fé, caem-lhe as correntes.

Um cavaleiro sem fé, querendo mostrar que toda aquela fé era bobagem tenta entrar no templo a cavalo; é impedido porque uma das patas do animal fica presa no piso da escadaria; e o cavaleiro, arrependido, torna-se devoto.

Uma menina cega de nascença, comenta, surpresa, com a mãe, diante da Basílica Velha: “Mãe, como é linda esta igreja!”.

Um garoto no rio (acompanhara o pai, numa pescaria); de repente é puxado pela correnteza. O pai, ao se sentir impotente para salvar o filho, suplica à Nossa Senhora Aparecida: logo a correnteza deixa de levar o garoto, que, parado, sobre as águas, é resgatado, vivo, pelo pai.

Um caçador, ao voltar de sua caçada já sem munição, vê-se encurralado por uma enorme onça. Ele suplica à Nossa Senhora Aparecida; a onça desiste de atacá-lo, e vai embora.

A devoção

Aumentava, aos milhares, o número de milagres, de benefícios recebidos pelas mãos da Mãe Aparecida. E, assim, crescia, mais e mais, a veneração. E, consequentemente, os deslocamentos de romeiros à (por isso mesmo) progressiva cidade de Aparecida, antes modesto lugarejo encravado no Município de Guaratinguetá.

Foi necessária a construção de uma igreja mais ampla; a devoção passou a receber maior atenção das autoridades eclesiásticas. Assim, foi inaugurada, em 1888, a chamada Basílica Velha (hoje também conhecida como Basílica Histórica), que, depois, também foi insuficiente para comportar tanta gente. Então, edificou-se a majestosa e atual Basílica de Nossa Senhora Aparecida, que foi consagrada pelo papa João Paulo II em 1980. Era a coroação de um culto iniciado, espontaneamente, pelo povo simples, e reconhecido pela Igreja em 1743.

Uma imagem encontrada por humildes pescadores, na época em que se praticava no Brasil uma perversa escravidão de negros, comprados da África; enegrecida com o tempo, para ficar da cor dos cativos… Quebrada, a lembrar os maus tratos a estes seres humanos, tal como já se fizera com os indígenas, de quem foi tomada a terra… Um contexto ideal para que Maria chegasse e denunciasse a situação degradante; como quando, em silêncio, acompanhava o filho Jesus… 

Nossa Senhora presente

E a injustiça social ainda persiste. Num mundo paradoxalmente tecnológico. E Nossa Senhora continua presente… No clamor de famintos e miseráveis de triste e curta vida, ao relento, misturados ao lixo; outros, trabalhadores (escravizados do século XXI), morando em barracos, buracos, favelas, de quando em vez eliminados por balas perdidas… Nos desesperados fugitivos de seus países, afundados em guerras civis e disputas pelo poder… 

Que, em mais uma edição das Festas de Nossa Senhora Aparecida, ressoe nos nossos ouvidos esses clamores, e o grito do Probrezinho de Assis: “O Amor não é amado!”.

Na certeza de que nossa generosa Intercessora jamais desiste dos que a invocam, e tem como filhos seus todos os filhos de Deus… 

Com confiança, recorramos à intercessão de Nossa Senhora Aparecida. Ela conhece todas as nossas necessidades!

Devotos, rezem!

Romeiros, clamem! Como em Romaria:

É de sonho e de pó
O destino de um só
Feito eu perdido em pensamentos
Sobre o meu cavalo

É de laço e de nó
De gibeira o jiló
Dessa vida cumprida a sol

Sou caipira, pira, pora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura
E funda o trem da minha vida

Sou caipira, pira, pora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura
E funda o trem da minha vida

O meu pai foi peão, minha mãe solidão
Meus irmãos perderam-se na vida
A custa de aventuras
Descasei, joguei, investi, desisti
Se há sorte eu não sei, nunca vi

Sou caipira, pira, pora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura
E funda o trem da minha vida

Sou caipira, pira, pora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura
E funda o trem da minha vida

Me disseram, porém, que eu viesse aqui
Pra pedir de romaria e prece
Paz nos desaventos
Como eu não sei rezar, só queria mostrar
Meu olhar, meu olhar, meu olhar

Sou caipira, pira, pora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura
E funda o trem da minha vida

Sou caipira, pira, pora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura
E funda o trem da minha vida

Sou caipira, pira, pora
Nossa Senhora de Aparecida

Olímpio Araújo, membro da AMLEF e ACLP, pelo Hozana

 

https: //pt.aleteia.org/2022/09/30/nossa-senhora-aparecida-uma-mensagem-forte-e-sempre-atual/

 

 

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