ESPIRITUALIDADE
Nossa
Senhora Aparecida: uma mensagem forte e sempre atual
Por Hozana
Por que tão grande é o número de devotos de Nossa
Senhora em todo este país imenso que é o Brasil?
Pensar
em Nossa Senhora, falar de Nossa Senhora, é-me inevitável a lembrança da letra
de uma música de Roberto Carlos, intitulada Todas as Nossas Senhoras, especialmente o
refrão: Minha mãe Nossa
Senhora somos todos filhos seus / Todas as Nossas Senhoras são a mesma mãe de
Deus.
Aí,
o compositor expressa duas verdades que o católico deve ter sempre em mente:
Maria é nossa mãe, este foi o último mandamento de Cristo, na sua vida terrena;
e que Ela é venerada sob muitos títulos, ora relacionados às aparições (como em
Fátima, e em Lourdes), ora a acontecimentos específicos, que é o casso de Nossa
Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil.
Mas
por que tão grande é o número de devotos em todo este país imenso, que é o
Brasil? Pessoas que acompanham as missas, novenas, terços, e outros eventos, pela
TV, pelo rádio e mídias sociais… E se deslocam em romarias, movimentos,
pastorais e assembleias (nacionais ou do continente americano) — a lotar,
muitas vezes, uma catedral que perde em tamanho apenas para a de São Pedro, no
Vaticano?
Busquemos,
pois, a resposta a partir da História, a Mestra da vida (no dizer do orador
romano Cícero).
A história de Nossa Senhora
Aparecida
Tudo
começou em 1717. Os pescadores João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia,
vão pescar nas claras águas (à época) do rio Paraíba do Sul, para prover o
banquete com que a Vila de Guaratinguetá receberia o Conde de Assumar,
Governador da Província de São Paulo e Minas, em passagem pela região, com
destino à cidade mineira de Vila Rica (atual Ouro Preto). Muitas tentativas em
vão. De repente “pescam” uma imagem sem cabeça; e, no lançamento seguinte, a
cabeça, completando a imagem. Então, conseguem uma espantosa pesca, em volume
descomunal. A imagem foi reconhecida como de Nossa Senhora da Conceição. E, os
pescadores, devotos da Virgem Maria, viram no surgimento da imagem, junto com a
pesca milagrosa, um sinal da Santa.
As
pessoas passam a visitar a imagem, com rezas e novenas. Nos primeiros anos, na
casa de Felipe Pedroso. Com o número de devotos e visitantes sempre crescendo,
construiu-se uma capela no Morro dos Coqueiros, em 1735.
Os milagres
E
seguem os milagres atribuídos à Nossa Senhora Aparecida. Pomos, aqui, uma
rápida síntese dos primeiros, citados pelo historiador de Aparecida Júlio J.
Brustoloni (História de Nossa Senhora Aparecida: Sua Imagem e seu
Santuário):
Em
noite sem vento, as velas do altar de Nossa Senhora apagam-se, para depois de
algum tempo, voltarem a acender-se, sem a intervenção humana.
O
escravizado Zacarias, preso por grossas correntes, tem permissão do feitor para
rezar no Santuário. E, ao rezar com fé, caem-lhe as correntes.
Um
cavaleiro sem fé, querendo mostrar que toda aquela fé era bobagem tenta entrar
no templo a cavalo; é impedido porque uma das patas do animal fica presa no
piso da escadaria; e o cavaleiro, arrependido, torna-se devoto.
Uma
menina cega de nascença, comenta, surpresa, com a mãe, diante da Basílica
Velha: “Mãe, como é linda esta igreja!”.
Um
garoto no rio (acompanhara o pai, numa pescaria); de repente é puxado pela
correnteza. O pai, ao se sentir impotente para salvar o filho, suplica à Nossa
Senhora Aparecida: logo a correnteza deixa de levar o garoto, que, parado,
sobre as águas, é resgatado, vivo, pelo pai.
Um
caçador, ao voltar de sua caçada já sem munição, vê-se encurralado por uma
enorme onça. Ele suplica à Nossa Senhora Aparecida; a onça desiste de atacá-lo,
e vai embora.
A devoção
Aumentava,
aos milhares, o número de milagres, de benefícios recebidos pelas mãos da Mãe
Aparecida. E, assim, crescia, mais e mais, a veneração. E, consequentemente, os
deslocamentos de romeiros à (por isso mesmo) progressiva cidade de Aparecida,
antes modesto lugarejo encravado no Município de Guaratinguetá.
Foi
necessária a construção de uma igreja mais ampla; a devoção passou a receber
maior atenção das autoridades eclesiásticas. Assim, foi inaugurada, em 1888, a
chamada Basílica Velha (hoje também conhecida como Basílica Histórica), que,
depois, também foi insuficiente para comportar tanta gente. Então, edificou-se
a majestosa e atual Basílica de Nossa Senhora Aparecida, que foi consagrada
pelo papa João Paulo II em 1980. Era a coroação de um culto iniciado,
espontaneamente, pelo povo simples, e reconhecido pela Igreja em 1743.
Uma
imagem encontrada por humildes pescadores, na época em que se praticava no
Brasil uma perversa escravidão de negros, comprados da África; enegrecida com o
tempo, para ficar da cor dos cativos… Quebrada, a lembrar os maus tratos a
estes seres humanos, tal como já se fizera com os indígenas, de quem foi tomada
a terra… Um contexto ideal para que Maria chegasse e denunciasse a situação
degradante; como quando, em silêncio, acompanhava o filho Jesus…
Nossa Senhora presente
E
a injustiça social ainda persiste. Num mundo paradoxalmente tecnológico. E
Nossa Senhora continua presente… No clamor de famintos e miseráveis de triste e
curta vida, ao relento, misturados ao lixo; outros, trabalhadores (escravizados
do século XXI), morando em barracos, buracos, favelas, de quando em vez
eliminados por balas perdidas… Nos desesperados fugitivos de seus países,
afundados em guerras civis e disputas pelo poder…
Que,
em mais uma edição das Festas de Nossa Senhora Aparecida, ressoe nos nossos
ouvidos esses clamores, e o grito do Probrezinho de Assis: “O Amor não é
amado!”.
Na
certeza de que nossa generosa Intercessora jamais desiste dos que a invocam, e
tem como filhos seus todos os filhos de Deus…
Com
confiança, recorramos à intercessão de Nossa Senhora Aparecida. Ela conhece
todas as nossas necessidades!
Devotos, rezem!
Romeiros, clamem! Como em Romaria:
É de sonho e de pó
O destino de um só
Feito eu perdido em pensamentos
Sobre o meu cavalo
É de laço e de nó
De gibeira o jiló
Dessa vida cumprida a sol
Sou caipira, pira, pora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura
E funda o trem da minha vida
Sou caipira, pira, pora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura
E funda o trem da minha vida
O meu pai foi peão, minha mãe solidão
Meus irmãos perderam-se na vida
A custa de aventuras
Descasei, joguei, investi, desisti
Se há sorte eu não sei, nunca vi
Sou caipira, pira, pora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura
E funda o trem da minha vida
Sou caipira, pira, pora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura
E funda o trem da minha vida
Me disseram, porém, que eu viesse aqui
Pra pedir de romaria e prece
Paz nos desaventos
Como eu não sei rezar, só queria mostrar
Meu olhar, meu olhar, meu olhar
Sou caipira, pira, pora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura
E funda o trem da minha vida
Sou caipira, pira, pora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura
E funda o trem da minha vida
Sou caipira, pira, pora
Nossa Senhora de Aparecida
Olímpio Araújo, membro da AMLEF e ACLP, pelo Hozana
https: //pt.aleteia.org/2022/09/30/nossa-senhora-aparecida-uma-mensagem-forte-e-sempre-atual/
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