terça-feira, 11 de outubro de 2022

REFLEXÃO I: "ELES NÃO TÊM MAIS VINHO"

 

 

REFLEXÃO I                 

“ELES NÃO TÊM MAIS VINHO”

- A celebração da Solenidade da Virgem Maria tem o seu valor e importância na capacidade de nos levar a uma relação mais profunda com Deus, pois nos apresenta Maria como um modelo de pessoa que acolheu e viveu este relacionamento com perfeição. Neste sentido, a veneração que damos à Maria se orienta para Deus, e nunca para ela mesma, pois ela não é a meta, mas uma parte importante do caminho.

- O Evangelho que meditamos hoje é sinal disso. Ele é um texto eminentemente cristológico, isto é, nos revela Cristo. À medida que o Filho de Deus se revela, o papel de Maria é delineado na história da salvação, porque está sempre subordinado à missão do Filho. Alguns símbolos nos ajudam a compreender essa realidade. O casamento é sinal da Aliança de Deus com o seu povo. Contudo, esta Aliança estava perdendo a sua força, o vinho estava a faltar. No contexto da Aliança enfraquecida, surge Jesus, que dará início aos sinais de que uma Nova e Eterna Aliança será estabelecida entre Deus e seu povo. O nome de Maria não é mencionado, mas ela é apresentada como a mãe de Jesus, e aparece associada ao grupo dos discípulos de seu filho. Maria se torna a porta-voz da comunidade de Israel que pede a Deus a vinda dos tempos messiânicos: "Eles não têm mais vinho". Ao chamar sua mãe de "Mulher", Jesus honra Maria com este lugar de porta-voz do povo de Deus aflito. Neste sentido, a rainha Ester (1ª Leitura) é figura de Maria que intercede para que venha a salvação ao povo. A hora de que Jesus fala é o momento definitivo da Nova e Eterna Aliança entre Deus e seu povo, quando o Filho for sacrificado na Cruz.

- No Evangelho de João, Maria aparece apenas duas vezes, e sempre ligada a esta "hora" do Filho de Deus. Ela aparece nas bodas de Caná, como vemos hoje, e aparecerá na crucificação, quando será novamente chamada de "Mulher" e aos seus cuidados serão colocados toda a comunidade dos discípulos amados de Jesus: "Mulher, eis aí o teu filho. Filho, eis aí a tua Mãe". Nisto, revela-se o seu significado eclesial, que Santo Agostinho e São Bernardo viram na Mulher do Apocalipse (2ª Leitura) um símbolo de Maria: A mulher adornada de esplendor (sol, lua, estrelas) simboliza o povo de Deus, tanto o antigo Israel (do qual nasceu Jesus, segundo a carne) como o novo Israel, o Corpo de Cristo, a Igreja. Desta mulher, símbolo da Igreja, nascem os filhos e filhas de Deus, pelo Batismo. Este símbolo pode ser aplicado à Virgem Maria sem nenhum prejuízo para ambas as partes, pois Maria, ao mesmo tempo que se insere no mistério da Igreja, o ilumina.

- Maria é também a mãe dos membros do Corpo de Cristo. O pedido de Maria se dirige aos que estão servindo, imagem dos cristãos chamados ao serviço: "Fazei o que ele vos disser!" As seis talhas, usadas para a purificação dos judeus, simbolizam a imperfeição dos rituais que não eram mais capazes de trazer a libertação e purificação para o povo de Israel. A água com a qual foram enchidas as talhas são um símbolo da Lei, e o vinho abundante é sinal da alegria infinita que brota com a chegada dos tempos messiânicos, ou seja, com a chegada da salvação que vem de Deus.

 - Maria é como uma estrada que nos leva a Jesus. Os que por ela buscarem o Senhor, em suas aflições, em suas necessidades, quando faltar o vinho da alegria, da paz, da concórdia, do perdão, certamente se encontrarão com a abundância da graça de Deus. Celebrar o mistério da Virgem Maria é para nós uma escola de encontro com Jesus pela via da obediência à sua Palavra: Fazer tudo o que Jesus disser foi um caminho que Maria trilhou por primeiro: "Faça-se em mim segundo a vossa Palavra".

 

http://diocesedesaomateus.org.br/wp-content/uploads/2022/08/12_10_22.pdf

 

 


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