REFLEXÃO
I
“ELES
NÃO TÊM MAIS VINHO”
- A celebração da
Solenidade da Virgem Maria tem o seu valor e importância na capacidade de nos
levar a uma relação mais profunda com Deus, pois nos apresenta Maria como um
modelo de pessoa que acolheu e viveu este relacionamento com perfeição. Neste
sentido, a veneração que damos à Maria se orienta para Deus, e nunca para ela
mesma, pois ela não é a meta, mas uma parte importante do caminho.
- O Evangelho que
meditamos hoje é sinal disso. Ele é um texto eminentemente cristológico, isto
é, nos revela Cristo. À medida que o Filho de Deus se revela, o papel de Maria
é delineado na história da salvação, porque está sempre subordinado à missão do
Filho. Alguns símbolos nos ajudam a compreender essa realidade. O casamento é
sinal da Aliança de Deus com o seu povo. Contudo, esta Aliança estava perdendo
a sua força, o vinho estava a faltar. No contexto da Aliança enfraquecida,
surge Jesus, que dará início aos sinais de que uma Nova e Eterna Aliança será
estabelecida entre Deus e seu povo. O nome de Maria não é mencionado, mas ela é
apresentada como a mãe de Jesus, e aparece associada ao grupo dos discípulos de
seu filho. Maria se torna a porta-voz da comunidade de Israel que pede a Deus a
vinda dos tempos messiânicos: "Eles não têm mais vinho". Ao chamar
sua mãe de "Mulher", Jesus honra Maria com este lugar de porta-voz do
povo de Deus aflito. Neste sentido, a rainha Ester (1ª Leitura) é figura de
Maria que intercede para que venha a salvação ao povo. A hora de que Jesus fala
é o momento definitivo da Nova e Eterna Aliança entre Deus e seu povo, quando o
Filho for sacrificado na Cruz.
- No Evangelho de
João, Maria aparece apenas duas vezes, e sempre ligada a esta "hora"
do Filho de Deus. Ela aparece nas bodas de Caná, como vemos hoje, e aparecerá
na crucificação, quando será novamente chamada de "Mulher" e aos seus
cuidados serão colocados toda a comunidade dos discípulos amados de Jesus:
"Mulher, eis aí o teu filho. Filho, eis aí a tua Mãe". Nisto,
revela-se o seu significado eclesial, que Santo Agostinho e São Bernardo viram
na Mulher do Apocalipse (2ª Leitura) um símbolo de Maria: A mulher adornada de
esplendor (sol, lua, estrelas) simboliza o povo de Deus, tanto o antigo Israel
(do qual nasceu Jesus, segundo a carne) como o novo Israel, o Corpo de Cristo,
a Igreja. Desta mulher, símbolo da Igreja, nascem os filhos e filhas de Deus,
pelo Batismo. Este símbolo pode ser aplicado à Virgem Maria sem nenhum prejuízo
para ambas as partes, pois Maria, ao mesmo tempo que se insere no mistério da
Igreja, o ilumina.
- Maria é também a
mãe dos membros do Corpo de Cristo. O pedido de Maria se dirige aos que estão
servindo, imagem dos cristãos chamados ao serviço: "Fazei o que ele vos
disser!" As seis talhas, usadas para a purificação dos judeus, simbolizam
a imperfeição dos rituais que não eram mais capazes de trazer a libertação e
purificação para o povo de Israel. A água com a qual foram enchidas as talhas
são um símbolo da Lei, e o vinho abundante é sinal da alegria infinita que
brota com a chegada dos tempos messiânicos, ou seja, com a chegada da salvação
que vem de Deus.
- Maria é como uma estrada que nos leva a
Jesus. Os que por ela buscarem o Senhor, em suas aflições, em suas
necessidades, quando faltar o vinho da alegria, da paz, da concórdia, do
perdão, certamente se encontrarão com a abundância da graça de Deus. Celebrar o
mistério da Virgem Maria é para nós uma escola de encontro com Jesus pela via
da obediência à sua Palavra: Fazer tudo o que Jesus disser foi um caminho que
Maria trilhou por primeiro: "Faça-se em mim segundo a vossa Palavra".
http://diocesedesaomateus.org.br/wp-content/uploads/2022/08/12_10_22.pdf
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