sexta-feira, 28 de outubro de 2022

ESPERO A VIDA DO MUNDO QUE HÁ DE VIR

 

ESPERO A VIDA DO MUNDO QUE HÁ DE VIR

No dia de Finados, nossas ideias sobre a vida e a morte são confrontadas com a fé católica que professamos. No Credo Niceno-Constantinopolitano (o mais longo) nós professamos: “espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir”. E no Símbolo dos Apóstolos (o mais breve), nós proclamamos: “creio... na ressurreição dos mortos e na vida eterna”. Como todos, nós choramos a morte das pessoas queridas e experimentamos a precariedade da vida neste mundo, que pode durar alguns anos a mais ou a menos, mas vai passando e um dia se encerrará. A certeza da morte pode inquietar profundamente e nos faz procurar respostas. O que vem depois da morte? Ainda haverá algo para nós? Essa pergunta derruba nossos sonhos de onipotência e nos coloca no nosso lugar: somos criaturas, e não, o Criador. A última palavra sobre a nossa existência não será nossa. Resta a fria resignação, o desespero, ou a abertura a Deus: somente Deus é o vivente, que pode dar a vida. Nós cremos na ressurreição dos mortos; a morte não tem a última palavra sobre a existência humana. Cremos no Deus da vida, que é capaz de dar vida também a quem fechou os olhos à luz deste mundo. Ele vive e nós receberemos dele a vida em plenitude. Mediante a ressurreição, os mortos não voltam a viver neste mundo, mas passam à vida transfigurada, junto de Deus. Cada pessoa vive apenas uma vez neste mundo. “Espero a vida do mundo que há de vir”: nossa fé na ressurreição dos falecidos nos leva a esperar na realização das promessas de Deus, que na Bíblia equivalem às expressões “vida eterna” e “nova criação”. Isso não é alcançado pelas capacidades humanas: “a vida do mundo que há de vir” é obra da graça de Deus e da ação do Espírito Santo em nós. Ele é o Espírito da “vida nova” e o sopro divino que faz viver. O “mundo que há de vir” é a companhia de Deus e dos seus anjos e santos. O céu é isso: a eternidade feliz, na contemplação da face de Deus e em sua companhia, junto com todos os anjos e santos. Nossa fé na vida eterna está ligada intimamente à fé em Deus, que não se compraz na morte das pessoas, mas quer que elas vivam e sejam felizes. Jesus, no Evangelho, ensinou que Deus não é adorado pelos mortos, mas pelos vivos: por isso, Deus quer que todos vivam e participem da sua vida divina. Nossa fé em Deus nos faz esperar com firme confiança em suas promessas. Hoje, façamos oração especial pelos falecidos. E por que motivo o faremos? Por que cremos e esperamos em Deus, que prometeu ao homem a superação da morte e a participação na vida eterna feliz. Se não fosse assim, nossa oração pelos falecidos não teria sentido. A principal oração pelos falecidos é a celebração da Santa Missa, que é o Sacramento do sacrifício de Jesus pela salvação de todos. Na Missa colocamos os falecidos na intercessão de Jesus, Sacerdote eterno, que entregou sua vida sobre a cruz para que todos tenhamos a vida por meio dele. Rezemos com fé e esperança pelos nossos queridos falecidos, esperando com certeza o dia de nossa feliz participação na vida eterna.

Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo

https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-46-c-60-fieis-defuntos-finados_0.pdf

 


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