Qual é a nossa missão?
Por Prof. Felipe Aquino
Todos os cristãos têm um chamado especial de Deus
Você
já parou para pensar para que servem os balões? Eles com suas diferentes cores
e tamanhos, ornamentam festas, alegram o ambiente, divertem as crianças, chamam
atenção daqueles que olham, enfeitam o mundo. Muito bem! No entanto, eles só
conseguem fazer tudo isso se estiverem cheios. Para que servem balões vazios?
Não servem para nada, não têm vida, não tem beleza, não alegram, vão para o
lixo.
E
os cristãos? Para que servem os cristãos?
Deus,
para salvar a cada um de nós, enviou seu Filho e Seu Filho enviou a Igreja,
isto é, os Apóstolos e seus sucessores (cf. Mt 10, 16ss; Jo 20,21-23), com a
missão de espalhar a Boa Nova do Reino de Deus pelo mundo. A missão dos
apóstolos, e de todos nós que aderimos a Cristo, é continuar sua missão nesta
terra. Que missão! Difícil, árdua, mas muito bela; levar cada pessoa viver no
Reino de Deus; reino de paz, de amor, de verdade, de justiça e de liberdade.
Levar as pessoas a um dia viver eternamente com Deus no Céu. São Paulo disse
que “olhos humanos jamais viram, ouvidos humanos jamais ouviram, e coração humano
jamais sentiu o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1 Cor 2,9; Is
64,4).
A
Didaquê, um documento cristão do primeiro século, dizia que: “Aquilo que a
nossa alma é para o corpo, os cristãos são para o mundo”. Sem a alma o corpo
não tem vida, sem os cristãos o mundo não tem vida. Por isso Jesus disse: “Vós
sois o sal da terra” (Mt 5,13). “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,14). A luz do
cristão, que é a Luz de Cristo, ilumina este mundo de trevas do pecado: ódio,
ganância, brigas, mortes, roubos, adultérios, vanglórias, exibicionismos,
orgias, comilanças, bebedeiras…
É
o sal que dá sabor ao alimento e que o conserva. Só Cristo conserva a vida com
sabor e com integridade. E Ele quer que os cristãos sejam os portadores e
irradiadores dessa luz que ilumina as trevas e esse sal que dá sabor e vida.
Mas,
para continuar a missão de Cristo, é necessário sermos semelhantes a Ele. Ele
deixou claro que sem Ele não podemos fazer nada (cf. João 15,5). Por isso, o
cristão só poderá ser o sal da terra e a luz do mundo se estiver repleto de
Cristo. São Paulo era um gigante evangelizador porque tinha consciência de que
não era ele quem vivia, mas que “Cristo vivia nele”, e lhe dava força e coragem
de enfrentar muitas viagens, perseguições, açoites, prisões, etc.
E
quem nos faz semelhantes a Cristo, repletos de Cristo, portadores de Cristo, é
o Espírito Santo.
“O
Espírito de Jesus habita em nós para fazer-nos imagens de Jesus; esta é a
vontade do Pai, que cada um de nós seja uma réplica de seu amado Jesus. E quem
faz isso é o Espírito Santo. Ele nos leva a atingir o estado de homem perfeito,
a estatura e maturidade de Cristo” (Ef 4,13). Os cristãos precisam estar cheios
do Espírito Santo. O que podem fazer cristãos vazios? Cristãos vazios são como
balões vazios! Não podem fazer nada.
Continuar
a missão de Cristo aqui na terra é algo muito sério. Embora, muitos não sejam
conscientes disso, todos são chamados. O parágrafo 900 do Catecismo da Igreja
Católica deixa bem claro que:
“Uma
vez que, como todos os fiéis, os leigos são encarregados por Deus do apostolado
em virtude do Batismo e da Confirmação, eles têm a obrigação e gozam do
direito, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a
mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por
toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é
somente por meio deles que os homens podem ouvir o evangelho e conhecer a
Cristo”.
Os
leigos estão na linha mais avançada da vida da Igreja, no mundo secular e precisam
ter uma consciência clara, não somente de pertencerem à Igreja, mas de “serem”
Igreja.
O
leigo tem como vocação própria, estabelecer o Reino de Deus exercendo funções
no mundo, no trabalho, na cultura, na política, etc., ordenando-as segundo o
Plano e a vontade de Deus. Cristo os chama a ser “sal da terra e luz do mundo”.
O leigo chega aonde o sacerdote não chega. Ele deve levar a luz de Cristo aos
ambientes de trevas, de pecado, de injustiça, de violência, etc.. Assim, no
mundo do trabalho, levando tudo a Deus, o leigo contribui para o louvor do
Criador, se santifica e santifica o trabalho. Ele constrói o mundo pelo labor,
e assim coloca na obra de Deus a sua assinatura. Torna-se co-criador com Deus.
O
Concílio Vaticano II resgatou a atividade do leigo na Igreja: “Os leigos que
forem capazes e que se formarem para isto podem também dar sua colaboração na
formação catequética, no ensino das ciências sagradas e atuar nos meios de
comunicação social” (Cat. n.906).
O
Código de Direito Canônico dá ao leigo o direito e o dever de dar a sua opinião
aos pastores:
“De
acordo com a ciência, a competência e o prestígio de que gozam, têm o direito
e, às vezes, até o dever de manifestar aos pastores sagrados a própria opinião
sobre o que afeta o bem da Igreja e, ressalvando a integridade da fé e dos
costumes e a reverência para com os pastores, e levando em conta a utilidade
comum e a dignidade das pessoas, deem a conhecer essa sua opinião também aos
outros fiéis” (Cat. 907; Cânon 212,3).
Para
ser firme no cumprimento de sua missão de batizado e missionário, o leigo
precisa ter uma vida espiritual sadia. O Papa João Paulo II disse um dia que:
“A eficácia do trabalho apostólico do fiel leigo está intimamente associada à
sua base espiritual, à sua vida de oração pessoal e comunitária, à frequência
na recepção dos Sacramentos, sobretudo a Eucaristia e a Penitência e à sua reta
formação doutrinária”.
Sem
isso, não podemos ser repletos do Espírito Santo e de agir pelo poder de Cristo
em nós. O leigo que não reza, não se Confessa, não Comunga, não lê e não medita
a Palavra de Deus, não tem perseverança na missão, e como acontece com muitos
sacerdotes também, acaba sendo afastado dela.
Mais
do que nunca a Igreja precisa hoje dos leigos no campo de batalha do mundo;
pois hoje ela é magoada, ofendida, perseguida e tida por muitos como a culpada
de todos os males. Uma escala de valores pagã tenta insistentemente substituir
a civilização cristã por uma cultura de morte (aborto, eutanásia, destruição de
embriões, suicídio assistido…); e Deus vai sendo expulso da sociedade como se
fosse um mal, e a religião católica vai sendo atacada por um laicismo agressivo
anticristão. Nossa missão hoje, mais do que nunca, é pelo poder do Espírito
Santo, sermos testemunhas de Jesus Cristo; e mostrar o mundo que sem Ele não há
salvação eterna e nem felicidade terrena.
https://pt.aleteia.org/2019/10/22/qual-e-a-nossa-missao/
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